Eu disse que era de Floripa e perguntei o que tinha acontecido.
O cara falou que umas semanas antes uns cariocas jiujipas folgados tinham aparecido, arranjado encrenca na água, deram porrada em todo mundo e vazaram.
Se a gente não queria apanhar era melhor irmos embora.
Que merda!
A gente foi lá pra baixo no pico e ficamos vendo os caras pegarem altas ondas enquanto a gente ficava na merrecagem pensando no que fazer.
Voltamos pra pousada, falamos pro Rocky do acontecido e que teríamos que vazar. Ele disse que falaria com os caras pra ver se dava pra aliviar.
Mas então ele voltou, disse que quase apanhou também, que o episódio era muito recente, os ânimos estavam exaltados e era melhor a gente ir embora mesmo, mas ele ia conseguir outra escolta pra gente e aconselhou irmos pro KM 59, onde tinha altas ondas, parecido com Punta Roca e lá era muito mais tranquilo, seguro e selvagem.
Arrumamos as coisas e ficamos esperando a escolta o resto do dia, mas ela não veio.
Passamos o dia todo bebendo gelada e olhando as ondas quebrando perfeitas na nossa frente, sem poder surfar.
Quando a escolta chegou era noite, então dormiríamos ali e sairíamos na manhã seguinte, mas de noite fomos acordados por um tiroteio intenso nas proximidades, com berros e gritos ao longe. A favela na rua de trás era barra pesada!
Não existia polícia e a segurança era cada um por si, por isso tantas armas num estilo faroeste.
A noite foi tensa e de sono leve, e foi um alívio quando pegamos a estrada e vimos Punta Roca ficar pra trás.
Quando de cima do morro vimos as ondas quebrando no KM 59 veio o alívio e dentro da água era só nós e as ondas na mais perfeita harmonia.
O resto é história.